Malmequeres pisados no palco encerraram o dia das Letras

Malmequeres pisados no palco encerraram o dia das Letras

Comissão organizadora da Queima das Fitas voltou a ser criticada no momento de exibição das tunas. Em dia de Letras, as Mondeguinas usaram-nas para mostrar a sua indignação. Texto e fotografias por Micaela Santos

Na quarta noite de Queima das Fitas, o palco principal fechou com a música de duas tunas femininas: a Estudantina Feminina de Coimbra e as Mondeguinas. As ninfas do Mondego, que entraram em palco perto das cinco badaladas, teceram duras críticas à organização da QF18, pela alteração do horário do concerto.

As vinte vozes da Estudantina Feminina de Coimbra querem “ser um realejo” que ecoe no Parque da Canção. João Martins, aluno de Informática no Instituto Superior Miguel Torga, faz “o esforço de assistir”, e afirma que “as pessoas deviam aderir mais”. Aproveita para comentar a qualidade do som que, além de estar “baixo”, fazia ‘feedback’. “O objetivo da Queima das Fitas parece que é mais a música pop do que a académica. Só dão importância às tendas”, acrescenta.

“É a mesma coisa de sempre. Metem as tunas a tapar buracos dos outros artistas, quando elas é que são Coimbra”, comenta Joana Rouxinol, de cartola e bengala na mão. É finalista do curso de Estudos Clássicos e celebra o dia da sua faculdade. Ao seu lado, Daniela Cardoso, de cartola vermelha e branca, diz que “o instrumental [da Estudantina] é muito bonito”.

As vozes estudantinas cederam o palco à última atuação da noite. Com a música dos Deolinda, “Um contra o outro”, saíram da ribalta para dar o lugar
às Mondeguinas. As primeiras, em vez de seguirem para a tenda, desceram para junto do público e apoiaram as colegas.

A indignação das Ninfas do Mondego perante a organização

A chegada das Mondeguinas arrastou o público no sentido da foz, mas ainda se ouvia guinchos de apoio na linha da frente. As ninfas do Mondego levantaram a voz aos presentes para mostrar indignação. “Foi-nos imposta uma alteração de horário com base num protocolo cuja existência foi negada até hoje”. Com esta deixa, não ignoram a situação nem se calam, e repetem a abertura do ano passado com a música “Indignação”. “Queremos pedir desculpa ao público que veio mais cedo para nos ver e teve de esperar até agora”, lamentam.

De malmequeres pendurados nas orelhas desde 1994, as Mondeguinas são delicadas e instalam a leveza no ar que rodeia o palco. “Vim mais com a intenção de ver as tunas do que o artista principal”, confessa João Lincho, aluno de Engenharia Química na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Mostra respeito pelas tunas e afirma que “fazem parte da identidade da academia”.

O palco fechou com um salto das ninfas do Mondego para o centro, unindo os corações num amontoado de capas. Perderam-se flores e sapatos, mas ficou a vontade de marcar Coimbra e afastar o esquecimento – “nunca te esqueças das Mondeguinas”.

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